23 de setembro de 2005

O MergulhO nO OlhO do SOl


Sunny e Sunset / Charlene Arsenault


Fortuna MaJor. Fogo, ouro puro, diamante. Gato amarelo de juba régia, palácio de cristal. Olho de castanha. Copa em flor, pedra preciosa. Estrela de âmbar. Puxar o Sol para baixo, multiplicar de novo cada chama sob lentes de aumento: o sol dentro. O sol dentro. O sol dentro. Sua mão, gota de mel.

Eis o jardim:


Arcano XIX / Oswald Wirth

Sob o olho do Sol tudo se esclarece – é perfeita a nitidez dos contornos, a delicadeza brutal de cada traço. A verdade explode em raios e queima o que procura a sombra antes que possa se esconder. Não há mentira entre os gêmeos solares – podem expressar seu amor sem medo, em explosão vital. Coração no coração. A Temperança fez sua Arte. Estamos nus e não há vergonha. Há desfrute, não medo. As lágrimas caem férteis, donas do milagre da chuva. O afeto é a sua manifestação. A razão deu a mão ao sentimento. Pureza, dom, claridade. Protegidos pelo têmeno sagrado - quem levaria uma vida para desvendar o Sol? Depois da noite só há o dia. E dentro de mim, noites com sol. Na manhã, abro a janela. Ofereço o receptáculo àquele que emana a Beleza, a Força, a Virtude, a Graça. O dono da flor sem dono.

Recolho o orvalho na língua. De Ganimedes sorvo o que me destina. O Sol no palato na soleira do meu quarto. Hora de alçar vôo. Dentro do olho do falcão haverá um Dia.

Um dia depois de uma noite mais um dia.

Zoe de Camaris / Equinócio de Primavera, 2005

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