1 de julho de 2011

Amor e Abismos

New Vision Tarot 



















Sem garantias, fator de risco. Sempre. Assim é o Amor. Mergulhar ladeira abaixo e subir aos céus. Vertigem da verticalidade (não é um pleonasmo, mas uma hipérbole), de profundis e ascensão, sem precedentes. Via de regra, não há escapatória. Não se vislumbra o fundo, onde dará o azul do céu? Não sei, você não sabe. Nietzsche atentou para a necessidade de asas quando se ama o abismo. Olhe longamente para o Amor e ele olhará para você. Entregue-se. Arrisque. Absurde-se.  Acredite. 

É o que nos diz O Louco, tonto de amor. Ah, tá, isso aí é paixão, não é amor. Por gentileza deixemos de lado frases prontas, aquilo que se repete por reflexo condicionado. Não há garantias sobre sentimentos, nunca. 

Há vertigens horizontais e paradoxos. O Amor é um velho moço. Um moço velho. Uma falha constante na Matrix, um lance de dados, match point. Acontece. Aconteceu comigo com você e com o vizinho. E é único. Muitas vezes único. Várias tampas para panelas variadas ou desvairadas. Com a miragem da flor azul no fundo à superfície d' água.

Inevitável que se pense no abismo como um espelho já que ele olha para você. Experimente gritar e ele lhe responderá: Eco! Eco!  Ergo sum. Logo creio que existo quando me vejo em você. Quando não me vejo ou não gosto da imagem, passo batom, mudo a cor dos cabelos, refaço os rastros e o retrato. Caminho pelas planícies lembrando das montanhas até que me acostumo ao horizonte. Ah, que beleza há na superficialidade! 

Aprender a superfície. Dissipar neblinas. Alimentar-se do sol cru do inverno. Caminhar lentamente pelos prados noturnos com a lanterna acesa, pirilampos portáteis. O moço velho. O velho moço. Livre do Amor. Livre de Si.

Tão inevitável como o Amor é caminhar do 0 ao 9.


New Vision Tarot